Festival destacou, entre inúmeros atrativos, as melhores produções audiovisuais das mostras competitivas

Uma vasta programação cultural, com rodas de conversa, musicalidade, teatro, responsabilidade ambiental e mostras especiais e competitivas, abertas gratuitamente ao grande público, imprimiram no cenário audiovisual a marca da 24ª edição do Festival Iberoamericano de Cinema de Sergipe (Curta-Se). Em cerimônia de encerramento realizada neste domingo, 9, no Cine Walmir Almeida (Cinema do Centro), em Aracaju, o Festival premiou os melhores filmes desta edição nas categorias longas-metragem, curtas iberoamericanos e sergipanos, trailer, videoclipe, websérie e vídeo de bolso.

Iniciado no último dia 3, com o tema ‘Amor Fati – Território do Querer’, o Curta-Se 24 foi uma realização da AVBR Produções, com patrocínio da Petrobras e do Ministério da Cultura. O apoio da Petrobras ao audiovisual expandiu os limites do Festival com experiências imersivas, entre elas, uma vivência fotográfica que permitiu aos visitantes levar para casa retratos impressos em formato polaroid ou em monóculos personalizados, acompanhados de pipocas e brindes especiais. As ações realizadas pela estatal durante todo o evento reforçou a conexão entre o público e o cinema, com lembranças que iam além da fotografia, como cartazes criados com inteligência artificial e álbuns de figurinhas, tornando cada lembrança uma forma de eternizar a experiência e o sentimento de fazer parte do Curta-Se.

A diretora executiva do Curta-Se, Rosângela Rocha, destaca as singularidades dessa edição. “Foram vários os diferenciais, entre eles a retomada do financiamento público e das parcerias que atribuíram ao Festival uma visibilidade maior, em termos de participação de realizadores nacionais e internacionais, inclusive de sergipanos. Outro diferencial foi termos colocado nas rodas de conversa os realizadores dos filmes, sem falar na participação maior do público em cada mostra e nas ativações feitas pela Petrobras, que geraram impacto positivo no grande público”, detalhou.

O evento ultrapassou as salas de exibição e ocupou diversos espaços culturais, fortalecendo o audiovisual sergipano, nacional e iberoamericano. Para a produtora executiva do Curta-Se, Deyse Rocha, o grande destaque é para o perfil pluricultural do grande evento. “Conseguimos atingir, não somente as salas de cinema, mas espaços e equipamentos que puderam contribuir com o crescimento e com o fortalecimento do audiovisual. Essa edição foi ainda mais voltada para a inclusão social, desde as mostras de acessibilidade exibidas através do Festivalzinho, como a gratuidade no acesso às exibições e a troca solidária de ingressos por alimentos não perecíveis, em benefício de instituições sociais. Também realizamos o plantio de 50 mudas, reforçando o compromisso ambiental do Festival. A sensação é de tarefa comprida e cumprida”, enfatizou.

Premiações

Nessa edição, o Curta-Se premiou 37 categorias com o tradicional troféu Ver ou Não Ver, reconhecendo produções de diferentes formatos e origens. As premiações refletiram a diversidade, a criatividade e o compromisso social que marcaram o festival, celebrando obras que inspiram, emocionam e reafirmam o poder do cinema como expressão cultural.
Mais do que o troféu, algumas categorias foram especialmente condecoradas com premiação financeira, ampliando o incentivo à produção audiovisual. O prêmio de R$ 7 mil foi concedido ao melhor curta-metragem ibero-americano, Soledá, dirigido por Howi Álvarez. Já o curta sergipano Sonata Beladona, de Antônio Rafael Gomes, recebeu R$ 6,5 mil por ter sido o vencedor do júri popular, além de conquistar o título de melhor curta sergipano pelo júri oficial, que rendeu R$ 5 mil em locação de equipamentos da empresa IgluLoc Aracaju, especializada no setor audiovisual.

“Ganhamos cinco premiações através do ‘Sonata Beladona’, com melhor edição de som, melhor roteiro, melhor direção e melhor curta sergipano escolhido pelo júri oficial e popular. Não esperava ganhar todos esses prêmios. Nós, os universitários, o produzimos para experimentar a linguagem cinematográfica e o objetivo era apenas aprender, logo, trata-se de uma produção feita sem pretensão e por isso ficamos muito felizes pelo reconhecimento dado pelo Curta-Se ao cinema universitário em Sergipe”, compartilhou o estudante.

Escolhido o melhor ator de longa metragem iberoamericano, o dramaturgo brasileiro que também é poeta, diretor, cantor e compositor, Gero Camilo, protagonizou o filme ‘Papagaios’, um drama de suspense de Douglas Soares, sobre a busca obsessiva pela fama no mundo da mídia. “Nesse diálogo da arte audiovisual, entendendo o Brasil como uma potência nessas trocas artísticas, receber um destaque como ator em Sergipe é uma grande honra. Me emociono com o entendimento de que estamos construindo pontes num país continental e, enquanto isso, fortalecemos o cinema com a nossa diversidade”, afirmou o ator.

Atrações musicais
A noite de encerramento do Curta-Se 24 ainda contou com os shows do carioca Zé Ibarra, que além de cantor é compositor, arranjador e multi-instrumentista; e da cantora e compositora sergipana Patrícia Polayne, que já se dedicou a trilhas sonoras para teatro, turnês com trupes de palhaços e estudos esotéricos, até consolidar uma carreira que a levou a festivais internacionais. Os shows foram apresentados gratuitamente ao grande público, na praça General Valadão, Centro de Aracaju.

“Assim como o Curta-Se, todo esforço dispensado para remediar essa lacuna da realidade em que pessoas não têm acesso gratuito à cultura, é necessário. As mídias são intercambiáveis, ou seja, é possível olhar para o cinema, entender a semântica e, em seguida, conduzi-lo para a música, assim como o cinema faz o intercâmbio com a musicalidade, movimento esse que também tem a ver com a pintura e a fotografia”, refletiu Zé Ibarra.

Sobre a relação do cinema com a música, Patrícia Polayne tratou do movimento que passeia pela diversidade das artes. “As trilhas sonoras para peças teatrais e filmes, inclusive curtas metragens, fazem parte dos trabalhos que eu mais gosto de fazer. Achei incrível a coerência de me convidarem para a edição 24 do Curta-Se, já que o álbum novo que eu trouxe para o Festival, intitulado ‘O Comboio da Ilusão’, é inspirado no clássico filme sueco ‘O Sétimo Selo’, dirigido por Ingmar Bergman. Tudo isso é um portal para mim, justamente por conta dessas conexões, de forma que a literatura alimenta a música, e essa alimenta o cinema, onde as artes se encontram”, explicou Polayne.

Sessão Premiados

Como parte da programação, o Curta-Se 24 ainda contemplará o público com mostras itinerantes e gratuitas exibidas em Sergipe, no município de Itabaiana, no próximo dia 12, e no município de Santa Luzia do Itanhy, no dia 19.

A lista completa dos premiados nesta edição do Festival pode ser contemplada no site curtase.com.br ou nos perfis do Instagram: @festivalcurtase e @avbrproducoes.

Curta-SE 24

O Festival conta também com o patrocínio do Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet); apoio cultural do Cine Walmir Almeida, da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap) e do Governo do Estado de Sergipe, por meio da Política Nacional Aldir Blanc, e do Memorial de Sergipe Prof. Jouberto Uchôa; além de apoio institucional do Ibero Fest e Fórum dos Festivais. O Curta-Se 24 também recebeu apoio institucional do Ibero Fest, Avanca Film Festival, 8º Congresso das Coalisões pela Diversidade Cultural e do Fórum dos Festivais.